segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Importância da pronúncia das letras

Qual a diferença de consoantes e vogais? 

Pamela Kvilekval explicou que as vogais são criadas pela vibração das cordas vogais e que são diferentes. Não se pode ver e nem dizer às crianças como fazê-las e muito menos como ensina-las. As consoantes são mais fáceis de ver como são emitidas, é possível sentir e fazer a criança sentir, porque visualiza-se o movimento dos lábios, da língua e pode-se sentir até na garganta como, por exemplo no som da letra "g".Pamela solicitou que falássemos bem devagar o som de cada consoante e observássemos o movimento que realizávamos ao emiti-los. Convido o caro leitor, a fazer o mesmo, emitir o som das consoantes: "b", "c" (na boca, /k/ não como o som de ce), "d", "f", "g" (na garganta), "j", "l", "m", "n", "p", "q", "r", "s", "t", "v", "x" e "z". As crianças fazem confusão com as consoantes surdas e sonoras, porque às vezes é vozeado e às vezes não.
O "d" é vozeado e o "t" não. São coisas que pode sentir, por exemplo, colocando uma folha na frente da boca e perceber que se movimenta. A maioria das crianças trocam algumas ou todas as palavras da lista do grupo de vozeado e não vozeado e isso ocorre porque não percebem a diferença na pronúncia  e nem como estão pronunciando. 
Ela ressaltou que o "c" é um pouco mais difícil porque não se pode ver a boca movimentar. Percebe-se por meio da sensação que o "c" (/k/) produz. É preciso repetir várias vezes para identificar, sentir na boca, e assim é mais fácil de saber quando se diz o c. Nos encontros de formação do método uma fonoaudióloga está presente para auxiliar nas dúvidas em relação a emissão dos sons.
Temos que entender o que esta percepção significa de maneira geral.
As crianças disléxicas falam adequadamente, a não ser as exceções que tenham um problema articulatório, mas, geralmente mesmo não lendo adequadamente, elas falam corretamente. O que ocorre é que os disléxicos não realizam a conexão correta e não se auto corrigem, isto é, a boca deles não está dando a informação para que eles percebam como ocorre a emissão, então, elas não reconhecem a diferença do som. Geralmente elas escrevem o que elas "escutaram" e nem sempre "ouvem" de maneira correta aquilo que foi falado. Com as crianças que possuem dificuldade de leitura e escrita,  temos de trabalhar a sensibilidade, a percepção dos movimentos na boca.
Outra questão muito comum entre os disléxicos é de eles colocarem a consoante na frente da vogal. Por exemplo, na palavra ela – leem lea, porque a consoante é mais óbvia de sentir. Pamela enfatizou que no método global não é dada a importância para a ordem das letras. não é ensinado a seqüência das letras e as crianças que tem essa dificuldade se acostumam a ler assim (trocado), ou leem muito devagar tentando pronunciar letra por letra. Quando não se tem dificuldade, elas conseguem por meio do método global, mas estamos falando de crianças que não obtém sucesso nesta área específica. E  com elas a reeducação tem de ser diferenciada.
Algumas vezes ocorre que as crianças se corrigem, mas sabemos que pode ser porque alertamos (como é que você leu?) ou pela fisionomia de quem está ouvindo-a ler, ou como Pamela já havia comentado que elas acabam por "chutar" a palavra na sentença principalmente se tem boa memória.
Outra situação comum que ocorre com os disléxicos é que eles podem  não ler a última letra da palavra. Isso era um mistério para Pamela, ela  perguntava o por quê de eles omitirem a última letra e a resposta era sempre a mesma: - Simplesmente não sei. 
Pamela disse que é muito importante perguntar freqüentemente para a criança com dificuldade, o que acontece com ela, como e o que ela percebe no momento em que ela está lendo, se interessar e colher todas as informações de como ela está processando as informações que lhe são absorvidas. Pamela explicou que no italiano, a última letra determina se é masculino, feminino ou plural, portanto as crianças italianas se fixam na última consoante, essa situação não ocorre com o inglês e português, é diferente. Ela mostrou também como ocorre na língua inglesa essas omissões e pudemos constatar, partindo da experiência dela que algumas dificuldades são características dos disléxicos, mesmo  sendo na Inglaterra, EUA, Itália e...Brasil.
Com aquela fisionomia tenra, amável e de forma muito humilde Pamela nos falou que há dez anos atrás existia mais mistérios para ela, do que existe hoje, mas ainda há outros mistérios a desvendar. E ela enfatizou que talvez em pouco tempo descobriremos se as idéias dela estarão certas ou não... Para ela é importante saber o que você não sabe tanto quanto aquilo que você sabe. Descobrir aquilo que você está precisando saber, é desvendar os mistérios. Muito interessante essa colocação, não? 
Sabe-se também, que todos os disléxicos fazem a inversão do b/d e é, segundo a Pamela, é a dificuldade mais difícil de corrigir. Muitas crianças no seu programa de reeducação, mesmo no terceiro nível do método, mesmo indo muito bem, já lendo com fluência ainda trocam o b/d. Temos sempre que ajudar a perceber a diferença. Algumas vezes ela escreve o d maiúsculo e minúsculo na folha, às vezes no quadro, às vezes na mesa, às vezes na mão da criança, porque isso tem que entrar na mente e fazer a criança sentir de diversas formas e com seu corpo. 
Uma participante disse que escrevia uma cor diferente na palavra, por  ex.: debate. O "d" era de outra cor para chamar a atenção. Pamela respondeu que não havia uma conexão real entre a cor e a letra e sim somente um estímulo. Ela disse que as conexões reais é a maneira como você sente, a maneira como você ouve e como você utiliza a conexão motora quando escreve, não como aparece a letra. A outra maneira, e bem tradicional é a de repetir ddddd, quantas vezes possíveis. Essas sim, segundo a Pamela, são as conexões reais.

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