No curso da Pamela Kvilekval, como eu gravei toda a sua fala, claro que com sua autorização, transcrevi e montei um acervo das informações que ela repassou no curso de formação de multiplicadores, que disponibilizarei aqui:
Após as devidas apresentações, Pamela iniciou sua fala contando que levou um ano e meio para elaborar o método para o português. Disse que temos
de um lado o método na língua inglesa, que inicialmente foi difícil e do outro lado na língua italiana, que foi muito mais fácil. O
Português estaria no meio destas duas línguas. Ressaltou que o italiano, é uma língua transparente porque, por exemplo, o som p falado é
como se escreve e o inglês é "opaco" não se escreve como fala. Há muitas palavras em que a letra muda de som em relação a anterior ou
posterior, ela denomina esse fato de influência. Sorridente disse que não tinha certeza se tinha aprendido todo Português e que a estrutura da língua tem que ser
aprendida e às vezes é difícil para a pessoa que fala a língua, saber que essas
diferenças estruturais acontecem.
Ela mencionou que uma das
maiores dificuldades que o disléxico tem é justamente a de associar a letra ao som que deve ser feito. Disse que os
estudos mostram que as crianças pequenas que conseguem reconhecer qualquer tipo
de sílaba vão ficar excelentes leitores mais tarde. Isso é lógico porque inicialmente quando
você tem que ler uma palavra você olha a seqüência das letras e a seqüência das sílabas, posteriormente é automatizada. ela acredita que as
crianças que são ensinadas no método global podem desenvolver até um certo
ponto sem dificuldade, porém, elas poderão apresentar muita dificuldade na estrutura e em determinadas características específicas no reconhecimento das
novas palavras.
Por meio da
ressonância magnética e vários outros tipos de neuroimagem é possível observar como o cérebro
funciona quando se está realizando uma determinada atividade, podendo-se ver a área ativada. Ressaltou que estava construindo novos caminhos no cérebro e que no início de suas pesquisas ela pensava que estas experiências eram só "achismos" e que agora percebe que são verdades. Cada parte de informações é transmitida pelos
neurônios a medida que uma conexão é feita ocorre a mielinização e a informação é passada de um neurônio para outro.
Ela exemplificou que esse caminho que ninguém passou ainda, é como uma trilha de montanha que, quanto mais for utilizada vai se tornando um largo caminho e os carros poderão percorrer rapidamente. O "trânsito" flui melhor porque esse caminho foi usado com bastante frequência. Quando faz-se a conexão do som e da letra, está lançando mão de todos os neurônios que foram utilizados tornando o percurso mais fácil.
Ela mostrou que as listas de palavras vão servir para o aluno traçar o caminho da leitura mais largo, isto é, de fácil acesso. Por exemplo, a criança lê as seguintes palavras: "cala, mala, fala, bala", ... Ela está automatizando esta estrutura de sons - ca, ma, fa, ba, portanto andando rapidamente ao invés de estar andando a pé em um caminho não trilhado.
A nossa língua é fonética e todas as linguagens que são foneticamente
estruturadas foi associado um símbolo para os sons que são falados. Comentou que a linguagem não é algo natural, que ela foi inventada pelo homem há alguns
milhares de anos atrás e que o cérebro humano não foi feito, necessariamente, para ler e desenvolver. O cérebro humano apresentava a intenção de andar, de se mexer,
correr, saltar, como os outros animais. As crianças quando observam outras pessoas a movimentar, pular, produzir sons vocais, essas ações
são instintivas, já estavam programadas no cérebro. Só que, as pessoas não aprendem a ler olhando, ou ao imitar outras pessoas lendo. A maioria das pessoas precisam ser ensinadas a ler. E a palavra não tem que ser memorizada, tem que ser decodificada.
são instintivas, já estavam programadas no cérebro. Só que, as pessoas não aprendem a ler olhando, ou ao imitar outras pessoas lendo. A maioria das pessoas precisam ser ensinadas a ler. E a palavra não tem que ser memorizada, tem que ser decodificada.
Há
milhares de anos atrás o homem inventou uma outra forma de comunicação que não
fosse o som, a música, a dança e o movimento. Inventou a escrita, inicialmente com figuras depois com letras.
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