quarta-feira, 7 de novembro de 2012

A Psicomotricidade e o processo de leitura

      Devido o feriado e as atividades da ONG em que sou presidente, foi difícil "parar" para escrever. Na semana que vem viajarei novamente, mas para dar continuidade aos pensamentos, aproveitei o "espaço de tempo" que a ONG permitiu (rsrs) para retomar o "compartilhar ideias".
    Ao falar de Psicomotricidade meus olhos brilham, porque eu vi nessa prática muitas melhoras (inclusive em mim mesma, pois, no curso de especialização temos a  formação pessoal, tanto na Psicomotricidade Relacional quanto na Sociopsicomotricidade Ramain-Thiers) e como é uma prática psicopedagógica, que nasceu de uma necessidade de reabilitação neurológica, as leituras e a concepção da área de Psicomotricidade me fascinam!
       Primeiramente conheci e me formei na Sociopsicomotricidade Ramain-Thiers, ao participar de congressos e palestras conheci vários ícones da área como Victor da Fonseca (estudioso incansável da Psicomotricidade), fiz a especialização em Psicomotricidade Relacional,e cada vez mais apaixonada pela área, culminou no mestrado. O prof. Jorge Fernandes da Universidade de Évora (coordenador do curso de Psicomotricidade Relacional) é taxativo em dizer que não há porquê "dividirmos a psicomotricidade" em Ramain-Thiers, Relacional, seja o nome que for para denominar pois, Psicomotricidade é uma só! Concordo com ele porque em todas as "ramificações" da Psicomotricidade é realizada uma leitura emocional, corporal e social do indivíduo. E em todas ocorre a estimulação das áreas corticais. 
   Pensando na linguagem: A comunicação exige duas condições preliminares, que são a recepção e a emissão de mensagens. Na parte posterior do cérebro encontram-se as vias de captação das informações (visuais, auditivas ou somestésicas). As emoções, gritos, gestos, rituais ou atitudes são formas de comportamento que são as vias de expressão de informação. São atos motores. A área de Wernicke (também localizada na parte posterior do cérebro - lobo temporal) é responsável pela recepção da linguagem e a área de Broca (localizada na parte anterior do cérebro - lobo frontal) é responsável pela expressão da linguagem. Fonseca, (2010) observa a "correlação evidente entre a comunicação e a motricidade" por existir uma organização cortical dependendo dessa íntima e estreita coevolução.
   Um aspecto interessante a ressaltar seria a visão das questões sobre dificuldades de leitura, bem como as dificuldades escolares, que o "representante" da Psicomotricidade Relacional, Lapierre, (2002, p. 29) acreditava que essas dificuldades "apenas escondiam e exprimiam problemas afetivos muito mais profundos, cujo aspecto pedagógico era só um reflexo". É de deixar o leitor curioso com essa colocação e buscar a fundo as concepções de Lapierre para compreender tal colocação.
      Vale a pena aprofundarmos mais sobre esse assunto... Até a próxima (depois da minha viagem que volto depois do feriado de 15/11, até mais) 

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O processo da leitura

    Shaywitz (2006) conceitua o processo de leitura em decodificação - reconhecimento imediato das palavras e na compreensão e significado destas palavras. 
       Vellutino et al, 2004 acreditam que a leitura depende da criança entender a convenção da escrita. 
      Na aquisição da leitura pode-se referenciar duas teorias: Dentre outros autores, destaca-se Smith (1988) e Goodman (1989) que são adeptos às teorias whole-language approaches (ler através das informações do contexto). Para estes teóricos a criança aprende a ler pelos constantes contatos e na diversidade de tipos de leitura. Segundo esta linha, a criança consegue ler ao estabelecer a relação da palavra com o léxico mental (parte do cérebro que armazena expressões prontas, frases fixas e semi-fixas, palavras isoladas que são utilizadas com maior frequência em nossa língua) buscando sua forma correspondente na sua memória. 
     E a "code-oriented" que é a de identificar palavras isoladas. Vellutino (1991) defende o processo das partes ao todo; a criança lê palavras isoladas, não considerando o processo de compreensão. Se faz necessário decodificar as palavras novas, quando uma palavra não pode ser identificada por associação direta (léxico mental), portanto a aprendizagem da leitura ocorre em um processo botton-up, onde se lê palavras sem preocupar-se com o contexto.
       

domingo, 21 de outubro de 2012

Revendo conceitos... Dificuldade X Distúrbio

     Ferreiro (2011) acredita que a escola "se perdeu", não soube lidar com as diferenças desde que se tornou uma "escola para todos" e observa que a falta de apoio e compreensão ao professor é a causa desta perda.
    Bona (2003, p.16) acredita que "toda prática educativa é expressão de determinada concepção ou teoria do conhecimento (...) é necessário que se pense em questões que permitam compreender como os sujeitos conhecem como se apropriam do conhecimento". 
    Realmente os professores necessitam de apoio, de compreensão e de respaldo técnico para atender as demandas. E para isto não acredito que fixar em uma teoria irá beneficiar a criança que apresenta dificuldade. Tem-se que responder à necessidade da criança para que ela se aproprie do conhecimento de forma mais efetiva. 
   E como saber a diferença de uma dificuldade e de um distúrbio para responder satisfatoriamente à necessidade da criança?
    Capellini (2004) traz a seguinte caracterização na diferença entre distúrbio e dificuldade de aprendizagem: o distúrbio se refere a conteúdos pedagógicos, métodos de ensino, ao ambiente físico e social da escola em um contexto mais global da atividade escolar. Já o distúrbio é identificado por componentes neurológicos que resulta em um insucesso na escrita, leitura e em cálculos matemáticos.
    Ciasca (2004) aponta que a dificuldade (considerada distúrbio) é de ordem e origem pedagógica  de caráter funcional, uma disfunção do Sistema Nervoso Central (SNC), relacionada a uma "falha" no processo de aquisição ou no desenvolvimento. Está relacionado a uma incapacidade.
   Portanto, se a criança apresenta um distúrbio, esse deve ser tratado de forma diferenciada e que venha de encontro àquela necessidade, que é a de auxiliar na incapacidade. É muito diferente de "preguiça", desleixo ou uma dificuldade pedagógica e por ser diferente, precisa também ser tratada de forma diferenciada! 
   Essa é a diferença quando se trata de um método de alfabetização para crianças que respondem de forma satisfatória e para àquelas que necessitam de um método de reestruturação para uma reabilitação. 
   Estudos sobre a função cerebral mostram a dificuldade como um déficit nos circuitos neurais durante o processamento fonológico (Lois, 2008). 
   Fawcett et al. 2001 caracteriza o distúrbio da leitura e escrita como sendo uma dificuldade na decodificação de palavras soltas, refletindo uma inadequação do processamento fonológico. 
  Estudiosos como Johnson e Myklebust (1967), Mason e Blevkburn (1970), Boder (1971), Benton e Pearl (1977) classificam esse distúrbio como uma dificuldade audiofonológica com alteração na articulação. Galaburda e Cestmick (2003) trazem uma contribuição mais atual caracterizando os problemas ao se ler pseudopalavras (palavras sem significado no idioma mas, pronunciáveis) apresentam problemas em ler palavras irregulares onde a pronúncia é diferente de como é escrita, denominando de dislexia fonológica.
  O método Panlexia traz exercícios com pseudopalavras, com palavras irregulares e de forma estruturada, trabalhando a consciência fonológica a fim de realizar as conexões necessárias e estimular de forma adequada visando amenizar e até superar aquela necessidade. 
     Penso que essas reflexões ajudam no entendimento da Panlexia Plus na abordagem psicopedagógica! 
      Tendo interesse em conhecer e aplicar o programa, só chamar os conhecidos interessados também e iremos em sua cidade realizar a formação. Contatos pelo email: alucchin@gmail.com